RadioAmor
radioAmor
até já, adeus é sempre longe de mais
0:00
-5:37

até já, adeus é sempre longe de mais

sim, é um até já.

Olá,

bem vindos.

Hoje é um dia triste para mim. Ou talvez não e querem as regras que fiquemos derrotados quando falhamos mas eu sinto que, apesar de tudo, não falhei. Talvez tenha promovido mal, talvez não me tenha empenhado o suficiente, talvez o produto final não seja assim tão atraente. Talvez seja tudo isto, ou não. Quem sabe se o momento não é adequado e tenhamos de fazer escolhas, eliminando o supérfluo. Quem sabe se a própria proposta não é, por si, atrativa ou se, sendo, existem outras ainda mais atraentes. O que sei é que é mais fácil a derrota do que o questionamento. E na verdade, eu não sei. Eu não posso dizer a razão pela qual não atingi o número de subscritores premium que desejava para a radioAmor mas sei que a responsabilidade é partilhada. O contexto, o país, os hábitos… Tanta coisa e tão pouca que posso controlar. Sei que falhar é motivo para continuar. Adaptar, alterar ou mudar radicalmente. Nunca desistir. Ou desistir e agarrar outra ideia. Eu sei que, na situação em que nos encontramos o tempo é de inspiração para mudar mas não para pagar. Chagámos ao ponto da troca de serviços e não é por sermos adeptos de uma economia de trocas. Eu não vou expor - ou expor-me - mas levanto o véu porque, na verdade, cheguei ao ponto em que trabalho de graça e avisto a breve trecho a ideia - real - de pagar para trabalhar. E se o trabalho de graça é baseado numa troca de serviços entre duas empresas - tudo certo enquanto houver rendimento a entrar e esta opção for vantajosa para ambas - a razão pela qual isto acontece é preocupante e explica o falhanço da subscrição da radioAmor.

Não há dinheiro e é preciso dizê-lo.

É tempo de assumirmos o elefante na sala, pararmos de viver uma pobreza escondida e afirmar que somos um país pobre no qual apenas alguns conseguem o luxo de respirar sem pensar.

Há um mês a minha sócia na Streaming Ideas (e amiga, note-se!) emigrou e nunca a senti tão feliz como agora, entre a descoberta de um admirável mundo novo, a adaptação mas sobretudo, a realização de que “é muito bom viver num país onde há dinheiro”. Ela ainda não tem esse dinheiro mas encontra oportunidades e, estando envolvida com diferentes organizações, já percebeu que já uma dinâmica baseada no cash flow das empresas, enquanto aqui nos reduzimos ao “não posso pagar” ou ao “orçamento muito limitado”. As empresas debatem-se com este problema real de estrangulamento financeiro que interfere com tudo o que podem fazer e contamina o que cada um de nós pode ser ou fazer. Estamos doentes e não o sabemos.

O serviço que uso para fazer esta newsletter tem-se imposto no mercado não só pelas funcionalidades excelentes (e gratuitas) mas por ser uma plataforma que permite rentabilizar o conteúdo que produzimos. Há aqui inúmeros exemplos de criadores que abandonaram o seu emprego na área da comunicação (jornalistas, por exemplo) e dependem agora da rentabilização do seu conhecimento. Eu não. E não é por ser menos do que eles é porque, colectivamente, somos menos (em número) e somos ainda menos em termos do que podemos pagar. Pior? Deixei-me ir por um conselho pequenino de que “é aqui que está a tua audiência, porque haverias de escrever em inglês?”. Porque bitch, the world is our playground. E eu sempre soube qu etenho uma audiência que acompanha. Either way, é frustrante. E assim, em cinco minutos se toma a decisão de avançar e em cinco minutos a de recuar. Vou devolver o dinheiro das assinaturas anuais e abortar a missão.

Se a radioAmor continua? Se me apetecer. Afinal, “não me pagam para isto” mas por alguma razão lhe chamei Amor.

Até já, num wardrobe perto de si.

Só os mais atentos vão perceber e eu tratarei de explicar ♡

Para já, deixo-te a meditação para quem não sabe meditar que mais gostei de gravar.

Beijos e até já. P.

Na revista Sábado: saúde mental, aquela que nos querem roubar.

As palavras importam: stress e burnout
Afirmar que aquilo que dizemos, pensamos ou sentimos (verbalizando) é importante é nada mais, nada menos do que absolutamente redundante. A vida, contudo, é feita de pequenas redundâncias, palavras que nos enchem ou, pelo contrário, destroem a alma. Deixar passar o Dia Internacional da Saúde Mental sem falarmos da importância que as palavras que usamos têm na qualidade do nosso bem-estar é ignorar que somos os nossos piores inimigos. Porque somos. Por pressão ou medo - ou medo da pressão - a verdade é que somos cada vez mais os que vão, sem vergonha, afirmando os seus medos e fantasmas, os seus problemas, pressões e depressões, normalizando (essa importação barata da conjugação de palavras ‘tornar normal’) aquilo que é tão banal quando ir ao médico por uma constipação. Somos dados a muitos medos, vergonhas, pudores e embaraços. Acabamos fechados sobre nós mesmos, sem partilhar as dores de crescimento com quem, como nós, está a crescer. Porque estamos todos no processo, uns mais conscientes do que outros, uns mais acordados e outros melhor preparados mas todos no processo. Chama-se mudança e ocorre a cada momento da nossa vida, mesmo quando pensamos que nada está a acontecer. Parece um texto new age assim-assim transcendental mas é apenas a constatação de facto do que gostamos tanto de ignorar: somos diferentes todos os dias e todos os dias temos uma nova oportunidade para sermos diferentes. Não é fantástico?

A saúde mental inclui vários temas, problemas e preocupações. Contudo, há um que nos é demasiado próximo, muito relacionado com a sociedade moderna e, erradamente, considerado uma responsabilidade individual: o stress e burnout são problemas contemporâneos que tocam a quase todos, mesmo que disso não tenhamos consciência. É um problema colectivo, social, sobretudo, de uma cultura profissional caduca. Portugal é o 5º país da UE com maior prevalência de doenças mentais (e nem precisamos pensar muito na razão pela qual isso acontece…). Do outro lado do Atlântico, nos E.U.A., em 2021, 42% das mulheres assumiram sentir-se esgotadas a maior parte do tempo. 

a-maior-parte-do-tempo!

O cocktail mais perigoso de sempre mistura de tudo um pouco, inclusivamente cinismo e culpabilização, traduzindo-se num cansaço excessivo - exaustão! - e muito stress - aquele com o qual aprendemos, num permanente estado de alerta sem desligar.

Como a sustentabilidade, cuja responsabilidade as empresas empurram para o consumidor, também o burnout é culpa nossa. Não é. Cabe às empresas definir políticas de desenvolvimento pessoal e uma estrutura que não condicione ninguém a trabalhar fora de horas. Por nós, os trabalhadores, o burnout seria inexistente, mas o tal cocktail que inclui o medo de perder o emprego, a vergonha de falhar, a pressão para os resultados, associada às comparações dos que tudo conseguem sem nada os afectar (sem sabermos que tipo de ajudas têm ou o preço que estão a pagar) é absurdo. Precisamos definir regras e impor limites. Somos, contudoconfrontados com a ausência dessas regras e limites muito dilatados, que nos impedem de raciocinar, quanto mais perceber que aquilo que nos estão a fazer está errado. Há empresas que já entenderam o custo da substituição de um bom profissional e o impacto que a perda de talentos tem para o funcionamento e rentabilidade da organização. São ainda mais as empresas com problemas graves de liderança - ou a ausência dela - que resultam numa escalada de outros problemas, os quais tendem a resultar numa péssima cultura profissional em que o pessoal se mistura com o profissional, sem sabermos onde começa um e acaba o outro.

Semanas de 4 dias, empresas que escolhem fechar durante uns dias durante o ano para combater esta epidemia semi invisível, eliminar o número de reuniões, não multiplicar os métodos e formatos de envio de mensagens, e programas de gestão de stress, são apenas alguns exemplos de boas práticas que todas as empresas deveriam aplicar, bem como a apreciação além da palmadinha nas costas, o aumento da confiança no desempenho, a definição planos de evolução pessoal e profissional, a par com a individualização do trabalho, para garantir pessoas felizes. E poder trabalhar a partir de casa sempre que seja possível. Pessoas felizes são mais saudáveis, e pessoas saudáveis trabalham mais. Equação (tão) simples!

Um dia um amigo disse-me que gostaria de ver o por do sol tantas vezes quantas fosse possível. E eu adoptei essa ideia como #mottoforlife e a minha vida nunca mais foi a mesma. Vale a pena, garanto. Agora, cuidem-se. 

0 Comments
RadioAmor
radioAmor
inspiração digital para mudar
Listen on
Substack App
RSS Feed
Appears in episode
Paula Cordeiro