"O que queria dizer-te nesta tarde
Nada tem de comum com as gaivotas."
Sophia de Mello Breyner Andresen - Obra Poética - No tempo Dividido.
Começa assim, 2025, e já vão perceber porquê.
Se 2025 for como esta primeira semana, vai ser rico em tudo, sobretudo amor e vinho.
Entre vinho, vaginas (sim, vaginas!) e poesia, muito trabalho, edição de áudio, textos para escrever, outros que se escrevem sozinhos e uns tantos que não consegui que saíssem da ideia, naquela prosa poética que surge durante o duche quando não há, mesmo, forma de escrever, entrevistas para fazer e um evento para organizar, sobram tarefas e falta o tempo para as concretizar. Poderia ser de outra forma? Poderia. Mas não era a mesma coisa, e assim é mais divertido. Cansativo, por vezes hilariante. No processo, encontrei-me, (re)encontrando-me através do vinho e, se o vinho junta as pessoas, a mim tem-me trazido pessoas incríveis e vai trazer ainda mais. Para quem acha que agora ando sempre de copo de vinho na mão, desengane-se. Esta semana tive, de facto, a bagageira do automóvel cheia de caixas de vinho (!!) mas, neste curto espaço de tempo, já aprendi que, uma coisa é gostar de beber, outra conhecer, outra querer saber e outra, provar. Provar é saborear, não necessariamente beber. Acompanhar uma refeição com vinho é beber, muitas vezes também apreciar. Chegar a casa, abrir uma garrafa de vinho, deixar respirar, sentar e sentir os aromas, os sabores, relaxar, é beber mas também apreciar. Gosto das duas mas também estou a gostar de pegar numa garrafa, perceber a sua casta e origem, imaginar o seu aroma e sabor, abrir e perceber que há muito para dizer sobre o vinho e a vinha, além de beber. É esse o caminho. Pessoas, histórias, produção e a relação que o vinho tem com a vida. A nossa vida. Porque mesmo quem não bebe pode apreciar o vinho. Para apreciar não é preciso beber mas precisamos beber para conseguir apreciar.
Regresso no pós-festas, retomando o ritmo e, desta vez, com algumas sugestões que me apaixonaram. Vinho e poesia, um encontro pela mão do Paulo Sardinha, que é um jantar de amigos, no qual o amigo maior, que une todos os outros, nos oferece uma refeição maravilhosa em troca de poesia. Há vinho, para quem o quiser beber, e há, sobretudo, a partilha através da poesia que escolhemos ler, sentados à mesa, noite fria de inverno, acalentados pelo conforto da comida (que cozinheiro me saiu o Paulo!) e o abraço da poesia lida à mesa, de forma simples e descomplexada, aproximando quem não se conhece pelas palavras do poeta. Amei e gostava de voltar!
Que poema levei? O que me acompanha há trinta anos, da enorme Sophia de Mello Breyner Andresen.
Também me apaixonou, pela surpresa, a minha entrevista a Teresa Guilherme. Aquilo que poderia ser apenas uma entrevista sobre o seu espectáculo, que estreou ontem, quinta-feira, no Teatro Armando Cortez, foi uma conversa intimista, repleta de pequenos subterfúgios de linguagem, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Adorei. Podem ouvir aqui, no último episódio Hedonista e, já agora, seguir, deixar amor através das estrelinhas ou comentar.
Fui à estreia de As Vaginas e Eu, tudo o que ficou por dizer, que resumo numa curta frase: vão ver! Recomendo. É inesperado, divertido, subtil e simultaneamente directo, delicadamente mordaz, subtilmente irónico. Aprendemos, gargalhamos, ouvimos verdades e brincadeiras que são outras verdades. Os tímidos saem desempoeirados, os envergonhados perdem (parte da) vergonha, os sabichões descobrem que afinal não sabem tudo e, no final, percebemos que a vagina e o sexo são tão normais quanto respirar. Porque complicamos, escondemos e nos envergonhamos tanto com algo que todos temos e todos queremos, gostamos ou, no mínimo, desejamos?
Na revista Sábado, ficaram uns quantos artigos por ler mas vou destacar apenas o mais recente, até porque, agora ficam, uns dias, abertos para poderem ler:
E, com isto, seguimos juntos, com boas conversas e melhor vinho mas também, vinho e poesia ou vinho e vaginas. Uma alegria, portanto!!
Até para a semana e marquem na agenda o dia 8 de Março, sábado. Vamos todos ao Princípe Real, em Lisboa, para o primeiro evento Hedonista ♡
(depois conto-vos tudo mas já estão convidados!)
Há vários anos que impera a miséria, cada vez mais uma miséria assente num capitalismo digital que teimamos ignorar. O cloud empire, que é o império de quem detém o controlo das redes e aplicações que usamos, é um capitalismo de vigilância que nos transforma em dados e cria uma economia de dados, como estes que estamos da trocar, alimentando essa economia capitalista do digital, que se estende a todos os domínios da sociedade global. Quando, do outro lado do mundo, vendem telefones com o Facebook instalado por defeito e este é aceite como porta de acesso à internet, para quem ignora o que é um motor de busca ou que alternativas existem à Meta, a empresa que detém as plataformas mais usadas no mundo, está tudo dito. Mais loucos que estes tiranos somos nós, convencidos de que deixámos de ter o poder em dizer não, e continuamos a engrossar as fortunas destes multimilionários que estão a transtornar a sociedade e a interferir no governo, a caminho da substituição do Estado-nação pelo corporativismo que assume o papel do Estado. E bastava deixar de usar. Mais fácil do que parece e causaria impacto mas, como as batatas fritas de uma outra multinacional alimentar, também isto tudo é altamente viciante, tolda a visão e encolhe o cérebro. O controlo das mentes é o controlo da sociedade. E ainda gostamos.
Não...infelizmente 2025 não vai ser vinho e vaginas ...vai ser muita miseria, morte de inocentes à mão de tiranos loucos, multimilionários fascistas na politica. Estou triste e revoltado...Desculpa...vou abrir um Dão...Obrigado! És uma querida Amiga 🌹😘🥂