Até podemos amar alguém que não ouve a mesma canção...
mas dificilmente amamos alguém que não come pizza com a mão.
Rui Veloso cantava que não se ama alguém que não ouve a mesma canção e eu levei sempre muito a sério essa espécie de regra do Amor. A música diz muito sobre nós e quem somos. Gostar de ouvir a mesma canção ajuda bastante ao processo de identificação mas também limita os horizontes e pode tornar-se um grande tédio. Por isso, não tem de ser a mesma canção mas tem de ser uma canção que ambos gostem de ouvir sob pena de ouvirem música sozinhos. E a música, que tem tanto de solitário como de partilha, faz parte do nosso imaginário romântico e estabelece o cenário de cada casal. Já a pizza, a pizza não.
Há regras simples, tácitas, socialmente implícitas que nos definem e caracterizam. A nossa relação com a pizza é assim. Aqui, a pizza sofre quase sempre uma mutação, passa a refeição e assume as mais improváveis configurações. Uma delas é o ananás, impossível de encontrar numa pizza italiana e muito comum em Portugal. Sabores ainda podemos tolerar mas a teimosia em comer pão de faca e garfo, já não. Pizza, convenhamos, é pão. Insistir em cortar a entrada - porque a pizza é uma entrada - numa divisão que não seja em fatias e usar talheres para algo que se dobra com a mão e aprende a saborear sem deixar pingar? Não. E não é pelo talher mas por aquilo que este representa. Uma teimosia em adaptar o mundo em vez de nos adaptarmos, uma intransigência que não vê o ridículo da imposição de limites onde estes não existem e o respeito por uma tradição que não existe, mascarada de educação. Em última análise, a mania de que os outros são todos parvos por comerem com as mãos, típico de quem vê o mundo por um canudo sem ousar experimentar viver ou sentir a gordura do queijo escorrer pela mão.
Esta semana, na Sábado, falo da grande desilusão chamada resignação, para a qual o Governo até tem um prémio. É triste ver alunos que perderam a esperança e não sabem o que significa correr atrás dos sonhos porque estão de pernas cortadas.
Leiam aqui e partilhem, se gostarem ♡
Sugestões, hoje não tenho mas deixo-vos duas das minhas playlists para poderem ouvir música e amar. Com ou sem pizza, Amar.
Uma que soa a Estocolmo e outra, perfeita para trabalhar. Caso prefiram outro estilo, também tenho rock da linha misturado com outros sons. Podem ouvir aqui.
Volto daqui a duas semanas. Até lá, se quiserem enviar-me as vossas histórias, estou disponível para as receber e partilhar, dando-lhes uma volta que nem vocês a vão conseguir identificar ♡
Boa noite Paulinha ...fresca do Alentejo..
Sem dúvida...É muito mau amar alguém que não come pizza à mão. És uma querida. Obrigado 🌹😘